Este filme é sobre a cidade.

Os prédios brotam do solo, as estradas alimentam-se de parcelas dos bairros, os becos de terra inundam-se de chuva e as pessoas estão cada vez mais afastadas, tudo em nome do progresso. Maputo é uma jovem capital africana a emergir ao ritmo frenético da demanda financeira global. Há quem diga mesmo que não é uma cidade para todos.

Pessoas com passados diferentes, levam-nos para o interior dos seus bairros e ajudam-nos a ver, através dos seus olhos, Maputo tal como é. Entre eles está Nhez, um aspirante a estrela de rap que vive nos subúrbios à espera de uma oportunidade para entrar no mundo da fama, enquanto vende clandestinamente fatos executivos no centro da cidade para conseguir sobreviver. É como ele sempre diz, “Salve-se quem puder!”

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"Entrei neste trabalho porque estava a sofrer. Eu era uma pessoa de obras, era construtor. Foi quando descobriram que eu tinha espíritos que me assombravam. Os meu pais levaram-me a uma igreja e começaram a fazer orações para me ajudar. Foi aí que começou o chamamento. Porque Deus mostra-me os seus caminhos."
Pastor Afonso - Bairro da Mafalala

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"E um Cristo de ébano que me pertence sufoca entre o telhado de zinco e as paredes de caniço e pergunto à imagem crucificada se valeu a pena um parto africano no ventre dos continentes."
Poema da Frustração, Calane da Silva - Bairro da Malanga e Bairro da Mafalala

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"Muitos portugueses vinham com a perspectiva de que isto era uma mina de ouro e que chegavam e cavavam o chão e começava a sair petróleo… Ou que encontravam barras de ouro. Não é bem assim. Tem que se ser sério, acima de tudo..."
José Grilo - Costa do Sol

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“Tenho quarenta anos aqui. Tenho sete filhos, aqui nesta casa. Vinte e um netos, que eu tenho. Três bisnetos, que eu tenho. Não é fácil aqui. Não é fácil, todas as casas têm ziguezagues, está de qualquer maneira. Não há nenhum espaço. Este bairro, posso dizer que está podre. Este bairro está podre, e há muito tempo."
João Soquiço - Inhagoia B

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"Os portugueses fizeram estas armas aqui para… Eles diziam que se queriam defender do Adolfo Hitler, aquele que dizia que queria ser ele a governar na terra, enquanto deus no céu. Adolfo Hitler… Aquele gajo também não tinha pensado bem. É possível governar o mundo todo?!"
Júlio Cossa - Bairro dos Pescadores

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"A cidade não é para todos, não foi projectada... Dizer que um prédio é sinal de progresso, não necessariamente, e agora temos muitos e as pessoas estão cada vez mais vazias, às vezes, em termos de valores humanos. Sinto que a cidade está um pouco sem rumo."
Elisangela Rassul - Bairro da Polana

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"Aqui… Eh pá! Aqui é o lugar que eu cresci, que eu nasci… Quem sabe se um gajo vai até morrer aqui, mano. Mas eu acredito que aqui, pá, boas cenas acontecem! Também más cenas acontecem... Não vamos nos esquecer dessas cenas!"
Nhez - Bairro Polana Caniço A

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"Há quem diz que não poderia viver aqui porque está cheio de bandidos. Há quem diz que porque aqui sempre tem inundações. Mas, se eu estou a precisar de uma mãozinha, hei-de falar com o meu irmão aqui do lado, que é o meu vizinho. Nós chamamos até os nossos vizinhos de tios, avós… como se fossem da nossa própria família. É assim como nós nos tratamos, nos relacionamo-nos como uma única família."
Marcia Mandlate- Bairro Chamanculo C

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"O dono daquele corredor que estamos a vender agora é que nos mandava sair sempre: - Tem que sair, saiam daqui! Afinal pensa que sou eu que cria a pobreza? É melhor vocês irem para as vossas casas Só que Deus, como não fala com ninguém, fala sozinho... "
Rosa Tembe - Mercado Fajardo

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"Eu lembro muito bem que eu andava na escola, mas não podia estudar mais que quarta classe. Não tinha admissão, por causa de… Pronto era, por causa da cor e esse tipo de problemas! Mas depois da independência, mudou-se..."
Kishore Chotalal - Bairro Central

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Maputo, Moçambique

A cidade de Maputo foi chamada assim depois da independência em 1976, herdando o mesmo nome que o rio Maputo, na fronteira a sul do país. É a capital política e financeira de Moçambique, onde se condensam a maior parte das oportunidades de trabalho e negócios, mas também inquietantes assimetrias sociais entre a zona urbana, suburbana e bairros periféricos. Enquanto na “cidade de cimento” se aglomera uma população de 7.870 habitantes por km², no bairro do Chamanculo A concentra-se uma população de 31.895 habitantes por km², que se dedica maioritariamente ao comércio no mercado informal. As condições sub-humanas em que vive esta população amontoada nos subúrbios e periferia, perpetuam um ciclo de pobreza urbana que contribuiu para um Maputo dividido por extractos sociais.

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Making Of

O principal desafio deste documentário foi captar a diversidade, heterogenia e complexidade de Maputo, através das pessoas. Durante 6 semanas, filmámos com uma equipa pequena, 13 pessoas em 26 locais diferentes, que nos abriram as portas das suas casas, permitiram que as acompanhássemos no trabalho e revelaram os seus pensamentos mais íntimos sobre as fronteiras sociais da cidade. Foram utilizados timelapses para captar os fluxos da população, veículos, o movimento das ruas, prédios, geometrias e paisagens da cidade. O relacionamento que criámos com as personagens neste fluxo diário, levando o tempo que cada narrativa pedia, foi o veículo para chegarmos a um Maputo humano, terminando a produção com 85 horas de material filmado.

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