Este filme é sobre a cidade.
Os prédios brotam do solo, as estradas alimentam-se de parcelas dos bairros, os becos de terra inundam-se de chuva e as pessoas estão cada vez mais afastadas, tudo em nome do progresso. Maputo é uma jovem capital africana a emergir ao ritmo frenético da demanda financeira global. Há quem diga mesmo que não é uma cidade para todos.
Pessoas com passados diferentes, levam-nos para o interior dos seus bairros e ajudam-nos a ver, através dos seus olhos, Maputo tal como é. Entre eles está Nhez, um aspirante a estrela de rap que vive nos subúrbios à espera de uma oportunidade para entrar no mundo da fama, enquanto vende clandestinamente fatos executivos no centro da cidade para conseguir sobreviver. É como ele sempre diz, “Salve-se quem puder!”
Maputo, Moçambique
A cidade de Maputo foi chamada assim depois da independência em 1976, herdando o mesmo nome que o rio Maputo, na fronteira a sul do país. É a capital política e financeira de Moçambique, onde se condensam a maior parte das oportunidades de trabalho e negócios, mas também inquietantes assimetrias sociais entre a zona urbana, suburbana e bairros periféricos. Enquanto na “cidade de cimento” se aglomera uma população de 7.870 habitantes por km², no bairro do Chamanculo A concentra-se uma população de 31.895 habitantes por km², que se dedica maioritariamente ao comércio no mercado informal. As condições sub-humanas em que vive esta população amontoada nos subúrbios e periferia, perpetuam um ciclo de pobreza urbana que contribuiu para um Maputo dividido por extractos sociais.
Making Of
O principal desafio deste documentário foi captar a diversidade, heterogenia e complexidade de Maputo, através das pessoas. Durante 6 semanas, filmámos com uma equipa pequena, 13 pessoas em 26 locais diferentes, que nos abriram as portas das suas casas, permitiram que as acompanhássemos no trabalho e revelaram os seus pensamentos mais íntimos sobre as fronteiras sociais da cidade. Foram utilizados timelapses para captar os fluxos da população, veículos, o movimento das ruas, prédios, geometrias e paisagens da cidade. O relacionamento que criámos com as personagens neste fluxo diário, levando o tempo que cada narrativa pedia, foi o veículo para chegarmos a um Maputo humano, terminando a produção com 85 horas de material filmado.